Às vezes sinto necessidade de desabafar com alguém e não tenho com quem. Mesmo aqui no blog há coisas que eu não posso dizer porque simplesmente são demasiado pessoais para partilhar com o resto do mundo.
Desde que estes pensamentos "proibidos" começaram a rondar-me como abutres famintos que me aproximei de uma certa pessoa, não a nível físico mas sim a nível espiritual - Michael Jackson. É a ele que conto os meus segredos mais escuros e só ele sabe tudo o que me vai na alma. Há vários anos que me habituei a falar com ele como quem fala com Deus, pois é a única pessoa no mundo que me conseguiu ajudar quando eu perdi a esperança.
Sei que quem estiver a ler isto vai pensar que eu sou maluquinha mas eu não me importo porque sei que não sou a única que faz isto. E mesmo que fosse, não me importava na mesma - temos que fazer o que pudermos para sobreviver e esta foi a maneira que eu arranjei para continuar a viver quando tudo parecia impossível.
Pouca gente compreende o que eu realmente sinto por ele e eu, sinceramente, não sei explicar melhor porque sei que apenas podem compreender o que eu sinto aqueles que sentem o mesmo.
Enquanto crescia, habituei-me a acordar e pensar imediatamente "Será que ele está a dormir? Qual será o sonho que está a ter?" ou então em algum momento do meu dia perguntar a mim própria "O que será que ele está a fazer? Estará a trabalhar? A brincar com os filhos?". Habituei-me a desejar-lhe boa noite e bom dia, habituei-me a festejar o seu aniversário como se ele estivesse comigo, habituei-me a uma série de coisas que agora já não fazem tanto sentido simplesmente porque ele já não está do outro lado do mundo. Já não faz sentido pensar "O que será que ele almoçou?" ou "Estará a dançar?". Já não posso fazer aquelas perguntas a que eu me habituei ao longo dos anos e isso custa-me, mais do que alguém possa imaginar. São essas pequenas coisas que me deixam sem forças.
Há uma parte de mim que ainda acredita que tudo não passou de um esquema e que ele continua vivo algures. Mas eu sou uma pessoa pessimista por natureza e a parte de mim que acredita que ele não era capaz de nos fazer isso domina-me a maior parte do tempo. Apesar de tudo, se por milagre ele continuasse vivo, eu seria incapaz de ficar chateada com ele, simplesmente porque a alegria de saber que estava tudo bem com ele ia ser infinitamente grande.
Hoje, pela primeira vez em muitos anos, não celebrei o aniversário dele. Aliás, fiz tudo o que podia para não pensar nele, mas nem sempre fui bem sucedida e de vez em quando lá me aparecia uma lagrimita no canto do olho. Não estou a querer dizer que vou deixar de pensar nele definitivamente ou que vou esquecê-lo, nem por sombras. Mesmo que quisesse, não seria capaz de fazer isso. Mas há certos dias no ano, como este, em que eu estou mais vulnerável e qualquer coisa, por mínima que seja, me faz chorar sem conseguir parar pois traz ao de cima tudo aquilo que eu reprimo diariamente e que vai enchendo o copo até deitar por fora.
Ainda não estou preparada para pensar nele sem aquele sentimento de revolta e injustiça pela forma como tudo aconteceu e por essa razão há dias em que prefiro simplesmente pensar noutras coisas.
Não sei se o que eu escrevi aqui faz sentido para quem ler. Para mim faz.